quarta-feira, 25 de março de 2009

Cecília Meireles

Cecília Meireles 1901_1964
Nasceu no Rio de Janeiro, dedicou-se ao magistério primário e universitário, escreveu sobre literatura infantil, folclore, crítica literária e colaborou na imprensa.
Ocupa um lugar à parte na Literatura Brasileira pois manteve-se presa ao lirismo de tradição portuguesa, mas com uma expressão bem pessoal. Através da depuração da linguagem musical e cadenciada do Simbolismo, transformou em belos poemas a sua melancolia e o sentimento da saudade e do tempo que passa.Manifestando uma resignação madura perante as angústias da vida, sua poesia, marcada por uma nota de tristeza e desencanto, revela-se como uma das mais significativas expressões do lirimos moderno.


Um pouco de sua obra
.Viagem - 1939 / .Vaga música - 1942 / .Mar absoluto - 1945 / .Retrato natural - 1949 / .Doze noturnos da Holanda - 1952 / .Romanceiro da Inconfidência - 1953 / Canções - 1956 / .Poemas escritos na Índia - 1962 / .Solombra - 1963 / .O menino atrasado - 1966 / .Poésie (french) - 1967


Trecho

"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.

Não sou alegre, nem sou triste:

sou poeta" - Ceci M.
* * *


Cavalgada
Escuta o galope certeiro dos dias
saltando as roxas barreiras da aurora.
.
Já passaram azuis e brancos:
cinzentos, negros, dourados passaram.
.
Nós, entretidos pela terra,
não levantamos quase nunca os olhos.
.
E eles iam de estrela a estrela,
asas, crinas e caudas agitando.
.
Todos belos, e alguns sinistros,
com centelhas de sangue pelos cascos.
.
Se alguém lhes suplicasse:"Parem!"
- não parariam - que invisível látego
.
ao flanco impôs-lhe ritmo certo.
Se por acaso alguém dissesse: "Voem!
.
Mais depressa e para mais longe?"
- veria o que é, no céu, a voz humana...
.
Escuta o galope sem pausa
da cavalgada que vai para oeste.
.
Não suspires pelo que existe
nesses caminhos do sol e da lua.
.
Semeia, colhe, perde, canta,
que a cavalgada leva seu destino.
.
Ferraduras, ígneas virão
procurar onde estás, na hora que é tua.
.
Entre essas patas de aço e nuvem,
estão presos teus campos e teus mares.
.
Irás ao céu num selim de ouro,
sem saberes quem pôs teu pé no estribo.
.
Rodarás entrew a poeira e Sírius,
com esses ginetes sem voz e sem sono,
.
até vir o mais poderoso
que esmague a rosa guardada em teu peito.
.
Depois, continuarão saltando, mas tão longe
que não perturbarão tuas pálpebras soterradas.
.
Cecília Meireles

Um comentário:

Espanyol disse...

Cecília Meireles grande Cica rsss. não a conhecia, mas me parece ser uma boa escritora, a Ninna me deu umas boas referências dela.

Mais uma ótima dica. Parabéns Mitiko tiko.