Camões

Luís Vaz de Camões.

Um dos meus poetas preferidos, autor do poema-símbolo da língua portuguesa, Os Lusíadas, e de mais de 200 sonetos, merece destaque por aqui.
Luís Vaz de Camões nasceu- supostamente- em 1524, não se sabe ao certo se foi em Lisboa ou Coimbra. Nem mesmo em sua primeira biografia, escrita em 1613, por Pedro de Mariz (1550-1615) consta essa informação. Devido ao seu vasto conhecimento e cultura, supõe-se que, apesar de pobre, teve algum estudo. Seu tio, D. Bento de Camões, frade de Santa Cruz e chanceler da Universidade, tem sido apontado como mentor e protetor de seus estudos, porém não há nenhum documento que aponte sua passagem pela Universidade. Freqüentou a corte de D. João III, onde, conta-se, fazia sucesso coma s mulheres. Viajante célebre, em uma das batalhas que participou, perdeu o olho direito. Na costa da Conchinchina, seu navio naufragou e Camões perdeu sua companheira Dinamene, mas conseguiu salvar os originais de seu épico Os Lusíadas. Morreu em 1580, em Lisboa, e foi enterrado em uma campa rasa numa das igrejas das proximidades.

Soneto dedicado a Dinamene.

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?

Um dos sonetos mais famosos de Camões.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Camões tinha muito rigor na métrica de seus poemas, o que faz a diferença em seus sonetos. Além da escolha certa das palavras, que transmitem a emoção e o sentimento.

Os Lusíadas.

É considerada a principal epopéia da época moderna. Só para esclarecer epopéia é uma narrativa sobre os grandes feitos heróicos de um povo.Os Lusíadas possuem 1.102 estrofes, 8816 versos, todos decassílabos. Narra a história, com um toque mitológico, de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia.
O poema se apresenta em cinco partes:
Proposição – apresenta os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama. Invocação - o poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, que irão inspirá-lo na composição da obra. Dedicatória – é dedicado ao rei D. Sebastião, considerado como a esperança da propagação da fé católica. Narração – relata a viagem de Vasco da Gama e as glórias da história portuguesa.
Epílogo - lamentação do autor que reclama o fato de sua voz rouca não ser ouvida com mais atenção.

São vários os episódios que merecem um olhar mais atento, porém os mais comentados são: A Ilha dos Amores, o Gigante Adamastor, Inês de Castro e o Velho do Restelo. Está aqui uma dica de leitura e quem puder, leia sempre as obras de Camões, principalmente seus sonetos, que são de muito bem elaborados.