sábado, 8 de maio de 2010

A justiça dos capítulos



Ouça meu primeiro amor

Ouça os risos que vem por aquela porta

Ouça as histórias antigas

mas não tenha saudades

não sofra por nada
e nunca se arrependa

Encontrei a primeira professora

caminhava cheia de ternura pela rua
Ela envelheceu e seus cachos ficaram brancos
me ensinou coisas que não posso imaginar

me deu exemplos em todas as entrelinhas

e um dia ela ficou brava comigo

então entendi que podia melhorar
mas também entendi
que poderia sempre errar
e acertar,
e consertar e...e as vezes não.


Encontrei meu primeiro cão

ficamos juntos a tarde inteira
jogamos um pouco de bola

corremos pelo quintal

e entendi que ele queria
somente um pouco de carinho
um afago na cabeça

e já balançava o rabinho

tão simples e plácido

era meu cãozinho


A inesquecível primeira bicicleta

era azul
me ensinou sobre cores,
sobre o tempo
sobre o vento,
sobre vários elementos

a física, a química

o corpo que cai
o chão,
o machucado,

o medo

a falta do meu pai

me ensinou sobre atenção,
sobre o tormento

sobre o cimento,
sobre as ladeiras da vida

a velocidade, a correnteza

o sabor da aventura

as voltas no quarteirão

desventuras de uma bicicleta sem noção


O primeiro beijo,

o despertar do sofrimento,

a consciência, a inconsciência,

as dúvidas, as mágoas,

o caminho para aprender

as pedras, as rochas,

a grande dificuldade

os defeitos e a perfeição

os complexos, complexo movimento vital

novos olhares, experimentos

a primeira festa da juventude
amores platônicos, os sonhos amiude
idealizações

drogas, álcool, ópio da depressão

as ruas molhadas, segredos, desejos escondidos

fumaça, vento, ranger de dentes
frio, névoa
um sol intensamente louro,
o verão tristonho,
nas margens, na sarjeta,
na esquina da padaria

sentada olhando o horizonte,
calor no corpo,
desejando dias melhores

cegueira e destruição

o caminho para o fundo do poço

a missão.


outro dia falamos sobre renovação.

Um comentário:

Rod Cabral disse...

Olha, mas esta Playmobil está toda poética viu!rs

Belos textos, todos eles!
Quando crescer quero escrever que nem você =)


Aquele abraço.